ONDE ESTÁ O PERIGO COMUNISTA? – 1 –

Valter de Oliveira

Foi a pergunta que me fez um anônimo. Não só esta. Ele questionou também minha “fobia anticomunista”. Não esqueceu de mencionar meu suposto  bolsonarismo e me incluiu entre eles. Assim sendo colocou-me entre os chamados inimigos da democracia e entre aqueles que afirmavam que a vitória de Lula e do PT traria a implantação do comunismo no Brasil.

Em princípio não se responde a anônimos. Contudo, como sei que muita gente não acredita no perigo da implantação do comunismo no Brasil decidi explicar o que penso sobre o assunto. Espero que o anônimo, que penso ser um centrista ingênuo ou um rosadinho que não quer admitir seu amor pela esquerda, consiga entender o que é realmente o comunismo e se ele pode ser um perigo para o país. No caso o comunismo marxista ou o pretenso socialismo científico de Marx. Espero também que meu acusador tenha a paciência de ler minha resposta.

Começo dando uma visão do marxismo e de seus objetivos. E as razões de minha oposição a eles.  

Por que me oponho e combato a doutrina marxista?

1. Em primeiro lugar porque ele se afirma absolutamente ateu. Prega que não há outra realidade a não ser a matéria em constante evolução. O homem e sua história seriam frutos dela. Também porque o marxismo é muito mais do que uma corrente filosófica que quer adotar um sistema político e econômico. Seu materialismo é uma completa visão do mundo, com seus dogmas, sua “ética”, sua “práxis”.

2. Pelo seu ódio à religião

Perfeitamente expresso nas seguintes palavras de Marx:

“A religião é o suspiro da criatura atormentada, o coração de um mundo sem coração, como é o espírito de uma existência sem espírito. É o ópio do povo” E Marx conclui: “O desaparecimento da religião como felicidade ilusória do povo é uma exigência de sua felicidade real.” (1).

3. Porque Marx deturpa a atuação da Igreja e sua doutrina social

Os princípios sociais do cristianismo pregam a necessidade de uma classe dominante e de uma classe dominada… Os princípios sociais do cristianismo transferem para o céu a compensação de todas as infâmias e justificam assim a perpetuação destas infâmias sobre a terra… (como) o justo castigo do pecado original… ou (como) provas impostas pelo Senhor. Os princípios sociais do cristianismo pregam a covardia, o desprezo de si, o abaixamento, a submissão, a humildade, em poucas palavras, todas as qualidades da canalhice”. (2).

Agora, de momento, deixemos de lado as citações de textos marxistas. Passo a comentar a partir de outras fontes e do ensino da história.

4. Porque considero que o comunismo faz parte da constante luta do mal contra o bem na história.

Pol Pot, o genocida cambojano que foi influenciado pelo stalinismo.

O socialismo marxista é fruto de um processo secular revolucionário que surgiu furiosamente e se estendeu por todo o mundo. Tem mais de cinco séculos. Foi ele que no seu ímpeto destruidor provocou as chamadas revoluções socialistas que promoveram terríveis violências. Revoluções e lutas que, ao enfrentar a Igreja, fizeram com que ela sofresse a mais bárbara, profunda e ampla perseguição da história. A guerra civil espanhola e a revolução mexicana são exemplos pungentes. A razão para tanto ódio é que o comunismo se propõe como fim peculiar revolucionar radicalmente a ordem social e subverter os próprios fundamentos da civilização cristã. Nessa linha lembro a frase de um autor que assim se expressou sobre o comunismo: “Peste mortífera, que invade a medula da sociedade humana e a conduz a um perigo extremo”.

Exagêro? Visão extremista? Nem de longe. Entretanto, como são duras afirmações entendo que o centrista fique arrepiado. Peço apenas que se contenha. Há muito mais para ser dito.  

Continuo.

1.4. O comunismo prega um falso ideal

O que prega o comunismo (e o socialismo que o prepara?) O amor aos pobres, aos explorados, aos excluídos.. Ele apresenta-se sob a máscara de redenção dos humildes. É isso mesmo, máscara. Nem mais, nem menos. O que ele apresenta é um pseudo ideal de justiça, de igualdade, de fraternidade universal. É um misticismo hipócrita que procura seduzir as multidões com promessas falazes. Promessas que nunca foram cumpridas nos países onde foi implantado. Não importa se tenha se apresentado como república democrática ou república socialista. Em cada lugar em que foi implantado  um brutal desrespeito pelos verdadeiros direitos humanos. Foram regimes nos quais, através de uma coação brutal, operários foram forçados a pesadíssimos trabalhos com um salário de miséria.

1.5. O comunismo degrada o homem e a família

Tal afirmação é consequência da concepção materialista do mundo e do homem. Nesta lógica o comunismo despoja o homem de sua liberdade na qual consiste a norma de sua vida espiritual; e ao mesmo tempo priva a pessoa humana da sua dignidade, e de todo o freio na ordem moral, com que possa resistir ao instinto cego. E como a pessoa humana, segundo os devaneios de Marx e associados, não é mais do que, digamos assim, uma roda de toda a engrenagem, segue-se que os direitos naturais, que dela procedem, são negados ao homem indivíduo, para serem atribuídos à coletividade. Quanto às relações entre os cidadãos, uma vez que sustentam o princípio da igualdade absoluta (querem implantá-la até através de cotas estritamente matemáticas) rejeitam toda a hierarquia e autoridade que proceda de Deus, incluindo a autoridade dos pais. Prova disso são tantas leis e decisões judiciais absurdas que violam o pátrio poder. Sem dúvida lançam seus míseros “argumentos” para justificar suas ações. É claro que, dado que afirmam que não há Deus não pode haver nenhuma obrigação dos homens e da sociedade para com Ele. Ficando só o natural (despojado do sagrado) o que importa são os direitos e leis feitos pela sociedade. Afinal, proclamam, todo o poder vem do povo e por este é exercido. Esquecem de falar que neste mundo igualitário tem o partido que fala pelo povo. Aliás, não esquecem. Lenin afirma. Povão nada sabe disso.

Meu caro anônimo deve continuar irritado. Tenha calma. Só mais umas considerações e termino. Por hoje…

Comunismo e propriedade

Lembremos que o comunismo quer acabar com toda a propriedade privada dos meios de produção. Levado ao extremo ninguém pode ter uma loja ou uma gleba de terras com empregados. Nada de empreendedor pobre que tenha dois salões de beleza na comunidade. Aí o pobre coitado passa a ser tido como explorador. Tem empregado. Fica com uma parte do que este produz. É a famigerada mal-valia.

Em suma, a propriedade privada, por ser tida como a fonte principal da escravidão econômica, da chamada opressão capitalista, tem que ser radicalmente destruída. A luta de classes tem papel importante nesta luta.

Terminamos abordando a questão da família.

Se o comunismo rejeita e repudia todo o caráter sagrado da vida humana, segue-se, por natural consequência que o matrimônio é apenas uma instituição civil e artificial, fruto de um determinado sistema econômico (é por isso que eles falam em família burguesa). Em consequência repudia os contratos matrimoniais formados por vínculos de natureza jurídico-moral. Também repudiam a perpetuidade indissolúvel do matrimônio. O ideal seria o “amor livre”. Em particular, para o comunismo, não existe laço algum da mulher com a família e com o lar. De fato, como prega a chamada emancipação completa da mulher, que é explorado pelo marido, sempre lutou para que ela saísse da vida doméstica e do cuidado dos filhos. Para isso contou com a ajuda de outras correntes revolucionárias e instituições políticas. Hoje conta com o apoio de  muitos parlamentos  e cortes judiciárias  para roubar dos pais o direito que lhes compete de educar os filhos. A educação passa a ser direito exclusivo da comunidade. Só esta teria o direito de dizer a todos o que deve ser ensinado.

Prova do que afirmamos estava nas leis dos países socialistas. Na antiga URSS o governo começou por declarar que ninguém mais precisava se casar no civil. Bastava comparecer a um órgão governamental para dizer com quem estava vivendo. Natural, o governo da “liberdade” precisa controlar os cidadãos…

Satisfeito meu caro rosadinho? Deu para entender o que é comunismo? E olhe que deixei muita coisa de lado!

Sei que você pode afirmar que tudo o que disse é história passada e que tal comunismo não existe mais.

Se for assim eu não passaria de um Dom Quixote.

Lamento, meu caro. Você está profundamente enganado.

Marx e Engels

-“Nada disso!”, você pode exclamar. “O comunismo e o socialismo mudaram”.

– É mesmo? Respondo eu? O original foi embora? Ficaram só os genéricos?

A resposta é simples. Hoje temos o original, os genéricos e os transgênicos. Todos empenhados em descristianizar a sociedade e implantar as utopias revolucionárias. No Brasil e no mundo.

Loucura de minha parte? Nem de longe. Vou discutir o tema no próximo artigo.

Observação final

Mais uma coisa: acha que me excedi? Não me culpe. Culpe o Papa Pio XI. Foi ele que afirmou tudo o que eu escrevi. Foi em 1937… (3). Só fiz adaptações e algumas inserções históricas. Grande parte de meu texto é cópia…

Vai criticá-lo?

Fontes:

  1. Karl Marx, Crítique de la philosophie de droit de Hegel, M. Rubel, Pages choisis…., op. cit. p. 29)
  2. (K. Marx. La Sainte Famille, trad. MOLITOR, OEUVRES PHILOSOPHIQUES, Costes, III, p.84-85.
  3. Pio XI, Encíclica DIVINI REDEMPTORIS, promulgada em 19 de março de 1931 contra o Comunismo Ateu. pontos 2;3;4;5; 8 a 11. Obs: cinco dias antes o Papa tinha lançado uma encíclica contra o Nazismo: a MIT BRENNENDER SORGE. Tudo em um cenário em que as duas ideologias eram mantidas por grandes potências.

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