OS IMPACTOS DA IA NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Nicholas Maciel Merlone

De pouco tempo para cá observamos um relevante avanço nos instrumentos de IA (Inteligência Artificial), impactando vários segmentos na sociedade. No contexto, emergem dilemas éticos e jurídicos. O robusto crescimento revoluciona o cenário com inovações disruptivas. Os impactos atingem setores como educação, cultura, saúde, economia e segurança.

O ChatGPT e o Google Bard se tornaram ferramentas populares. Não é diferente no setor da educação.

Não adianta negar essa realidade. É preciso, então, refletir o modo pelo qual serão utilizados esses instrumentos no processo de aprendizagem. Assim, deve-se capacitar os professores para tirar melhor proveito da situação.

Cultura e Arte

Na cultura a IA traz incríveis novidades. Já é possível mergulhar dentro de uma obra de arte em perspectiva 3D, se locomovendo em seu interior. Porém, tem-se ido além. Em Paris, no Museu D’Orsay, é possível conversar com Van Gogh, pintor do impressionismo, um grande expoente da arte. A IA foi treinada com biografias e por volta de 900 cartas escritas pelo artista do século 19. Até o sotaque do artista foi incorporado à ferramenta.

Por outro lado, vale dizer também que obras de artes, músicas e até vídeos (ex. clips musicais) têm sido criados por IA.

Saúde e Economia

IA na saúde

Na área da saúde, surgem inovações tecnológicas de várias gamas. Desde a digitalização do SUS (Sistema Único de Saúde) e o uso da telemedicina até a prática propriamente dita da IA. Trata-se a IA, realmente, de um mecanismo transformador, aprimorando, por exemplo, diagnósticos médicos, tratamentos e favorecendo procedimentos complexos como o uso de robôs em cirurgias, além da possibilidade da identificação precoce de enfermidades e descoberta de vacinas e medicamentos novos.

Importância da IA na gestão de empresas

Na economia, por sua vez, o uso da IA impacta a melhora da eficiência produtiva, podendo contribuir não só para o desempenho das empresas, como também para o desenvolvimento econômico sustentável dos países.

Segurança

França testa reconhecimento facial antes dos jogos Olímpicos

Já no campo da segurança, podemos mencionar as Olimpíadas de 2024, que ocorrerão na França. Além do uso de drones policiais e câmeras em sujeitos suspeitos, haverá também a utilização de IA para examinar comportamentos de pessoas comuns e movimentos de multidões por algoritmos. Com efeito, sua aplicação é irrestrita, de fato, podendo, por exemplo, ainda atingir o seu uso em carros computadorizados e eletrodomésticos (“Internet das Coisas”).

Dilemas éticos e jurídicos

Depois da sedimentação da IA na linguagem (ex. Google Bard), ganhará força o uso da IA no audiovisual. Emergem no panorama, além de dilemas éticos, também questões jurídicas de direitos autorais e trabalhistas. A proteção dos dados pessoais deve ser considerada. Igualmente a privacidade não deve ser esquecida. São valores importantes sedimentados em nosso ordenamento jurídico, em especial em nossa Constituição da República e também na legislação esparsa, como o Código Civil e a Lei Geral de Proteção de Dados. Todavia, tal arcabouço normativo não é capaz de regulamentar todas as demandas sociais que vêm surgindo.

Obra, Théâtre D’opéra Spatial, gerada por IA ganha prêmio em Feira e enfurece artistas

Como usar os dados pessoais de forma correta, equânime e em conformidade com as normas jurídicas? A criação de uma música por IA de um músico famoso falecido deve dar direitos à sua família? Postos de trabalhos serão substituídos ou eliminados? Como lidar com a automação? Realmente, são dilemas que surgem e que precisam ser encarados sem receios. Daí a necessidade de regulamentação dessas relações.

O que se deve buscar?

Finalmente, é preciso visualizar a IA como uma aliada, buscando compreendê-la melhor, já que pode trazer inúmeros benefícios. Porém, deve-se buscar a imparcialidade dos algoritmos. Os treinadores devem evitar preconceitos e vieses, procurando um cenário prospectivo mais inclusivo, para que a IA seja realmente, como dito, uma aliada e não um ente independente descontrolado. Para isso, importa realmente o debate público em torno do tema, por meio da academia, dos políticos, economistas, enfim, gestores públicos e sociedade civil, através de consultas e audiências públicas. Por fim, as redes sociais estão aí e também podem ser utilizadas para tal aspiração.

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BibliografIA.  ISTOÉ – 2024 Perspectivas | VEJA – 2023 O Ano dos Extremos

Nicholas Maciel Merlone – | Advogado especialista em Direito do Consumidor com Escritórios Parceiros. Professor Universitário. É Mestre em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie,  Articulista e escritor.

Fonte: Jornal O Dia, São Paulo, p. 6 Coluna Advogado do Consumidor & Cidadão Consciente. Conheça seus Direitos

Notas do olivereduc.com

  1. Naturalmente o tema tem sido discutido e analisado nos meios católicos. O Papa tratou do assunto em sua Mensagem para o dia mundial da paz. Mais adiante pretendemos aprofundar o tema.
  2. Problema complicado é saber como “controlar” a IA. Uma coisa são os princípios gerais da Ética em geral e da Moral católica em particular. Na vida concreta são homens de uma sociedade em crise que devem saber encontrar os meios de usar a IA para um mundo melhor. Basta boa vontade?
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