SÃO PAULO E A CARIDADE





Autor: Valter de Oliveira

25/01/2010

Nascemos para amar a Deus e ao próximo. E se nos afastamos deste fim não conseguimos encontrar a felicidade.

Há uma certa forma de caridade que o homem, especialmente o homem moderno, entende com mais facilidade. Tragédias como aconteceram em nosso país no final do ano, e a devastação sofrida pelo Haiti, tocam nossas almas e provocam ondas de compaixão e solidariedade. Como o bom samaritano gostaríamos de encontrar os feridos, tomá-los em nossos braços e levá-los aonde pudessem ser curados.

A preocupação pelo corpo e pela saúde do próximo, a luta para que todos tenham melhores condições de vida e possam desenvolver suas qualidades é muitíssimo louvável. E necessário para que possamos dar vôos mais altos.

S. Tomás ensina que sem um mínimo de condição humana é muitíssimo difícil a prática da virtude. Neste sentido o trabalho de Zilda Arns e a pastoral da criança – e do idoso – por exemplo, podem e devem se transformar no início do caminho para a santidade.

O Evangelho de S. Marcos narra como quatro homens subiram ao telhado de uma casa levando um paralítico para que Jesus o curasse. Descobriram as telhas por cima do lugar onde o Senhor se encontrava e desceram o catre com o paralítico. E o que obtiveram? A cura de sua paralisia e o perdão dos pecados do doente!  O milagre material e o espiritual!

O cristão foi chamado a amar em plenitude. Toda nossa vida deve ser de apostolado. E “a tarefa apostólica deve estar dominada pela ânsia de ajudar os homens a encontrarem Jesus.” (…) “É próprio do amigo fazer bem aos amigos, e não existe maior necessidade que a necessidade de Deus”. (1)

É essa caridade que foi praticada, vivida, pelo grande apóstolo S. Paulo, cuja festa celebramos hoje.

Como diz Otto Hophan “Paulo foi grande, trabalhou muito, sofreu mais, mas sobretudo amou. Perante este gigante, sentimo-nos cada vez mais pequenos. Que pouco temos feito por Jesus Cristo (…) Paulo levanta-se do solo embebido no seu sangue e cheio de bondade, e do mais íntimo do seu coração entoa o seu cântico mais belo:

 

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,

se não tiver caridade, sou como o bronze que soa

ou como o címbalo que tine.

 

Mesmo que eu tivesse o dom da profecia,

e conhecesse todos os mistérios e toda ciência;

mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de mover montanhas,

se não tiver a caridade, nada sou.

 

Ainda que distribuísse todos os meus bens pelos pobres,

e entregasse o meu corpo para ser queimado,

se não tiver amor, de nada aproveitaria.

 

A caridade é paciente, é bondosa.

Não tem inveja, não é orgulhosa (…)

não se irrita, não guarda rancor (…).

Tudo desculpa, tudo crê,

tudo espera, tudo sofre.

Por ora subsistem a fé, a esperança

e a caridade, essas três.

Mas a maior delas é a caridade.

Correi atrás dela até que a alcanceis. (2)

Que o apóstolo e a Virgem concedam a todos nós a caridade que está em Cristo.

Notas

1. CARVAJAL. Franciso Fernández. Falar com Deus, vol 3. p. 28, 29. Quadrante, São Paulo, 1990.

2. HOPHAN, Otto. São Paulo, o Apóstolo das Gentes. p. 109,110. Quadrante, São Paulo, 2007.

O texto de São Paulo é I Cor. 13, 1-14,1.

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