UM PARTIDO PARA A VIDA INTEIRA

Continuando nossos artigos sobre a doutrina e os métodos do socialismo – marxistas ortodoxos ou revisionistas – achamos por bem dar destaque a um pronunciamento do petista Olívio Dutra. Nele se destaca claramente a ideologia socialista do PT incluindo a influência marxista-leninista. Mais importante ainda, a nosso ver, é constatar como o partido julgava importante a existência de outras tendências internas por mais que parecessem divergir entre si. Faz parte da lógica socialista marxista assim agir enquanto não chegamos à fase socialista. Depois, a conversa é outra.

Segue excerto de documento do PT (V.O.):

 UM PARTIDO PARA A VIDA INTEIRA

Tenho encontrado no PT cristãos com enorme ímpeto revolucionário e marxistas com profunda fé no destino da classe trabalhadora. Ambos são indispensáveis na construção do PT”

Olívio Dutra

Olívio Dutra (1)

“O PT é partido para a vida inteira. Isto quer dizer que nosso partido não se limita a participar de episódios eleitorais e nem se contenta em atuar nos parlamentos ou participar de postos de governo mesmo que levado pelo voto. Nosso partido quer ser ferramenta de trabalho do povo explorado do campo e da cidade que, por ser usada diariamente, precisa também ser afiada com frequência. A lima que afia a nossa ferramenta é de dois tipos: de um lado a lima grossa da nossa prática nas lutas e, do outro, a lima fina dos ensinamentos que as experiências de milhões de trabalhadores, por gerações, nos transmitiram via a luta de classes. Prática e teoria são os dois lados da mesma lima com que afiamos nosso instrumento partidário. O PT não pode ser, portanto, antimarxista ou anticomunista, sob pena de ser instrumento com pouca ou nenhuma valia nas mãos da classe trabalhadora para a transformação da sociedade e para a construção do socialismo.

Contra o dogmatismo

O PT, no entanto, não é sucedâneo, nem substitui os PCs (2) na sua forma de se construir e deliberar. Antes de se autoproclamar um partido revolucionário, marxista-leninista, o PT proclama, com humildade, mas com muita clareza, que quer ser um instrumento nas mãos do povo trabalhador para que suas lutas do dia-a-dia tenham consequências políticas no rumo da construção da sociedade sem explorados nem exploradores.

O PT faz uma crítica radical da sociedade capitalista, mas, também, no seu próprio existir e na sua maneira de se construir, quer ser uma crítica séria ao marxismo ortodoxo, às burocracias socialistas e ao chamado “socialismo real”, pelo que eles representam de petrificação e dogmatismo.

Eu, pessoalmente, acredito que, através do PT, os trabalhadores cristãos e marxistas possam retomar um diálogo necessário e, junto com os trabalhadores nem cristãos nem marxistas, realizarem a revolução como processo e ato consciente de milhões, cujos desdobramentos não se aprendem nas cartilhas ou na Bíblia. O que não quer dizer que a gente não aprenda muita coisa nos manuais e no Livro Sagrado.

Centenas de cristãos e marxistas não ortodoxos constroem hoje o PT. De repente, o Partido poderá ser a encruzilhada onde Cristo e Marx se encontrarão. Ou porventura o humanismo marxista e o humanismo cristão não se estão encontrando na Revolução Sandinista na Nicarágua?

Digo isso para enfatizar que é falsa a polarização Cristãos x Marxistas dentro do PT. Uns e outros podem ser mais ou menos dogmáticos e/ou sectários e os critico por isto. Tenho encontrado no PT cristãos com enorme ímpeto revolucionário e marxistas com profunda fé no destino da classe trabalhadora. Ambos são indispensáveis na construção do PT.

Criticarei aqui algumas correntes organizadas não pelo que são – organizações de esquerda comprometidas com o socialismo –, mas pelo que não são – ao agirem como partido dentro de outro partido, não são PT, estão no PT”.

(…)

Notas:

  1. O petista Olívio Dutra já foi prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande de Sul. Também foi ministro das Cidades no primeiro governo Lula (2003-2005). O texto acima foi feito em 1987 e publicado em 1988. Faz parte da fonte citada abaixo.
  2. Partidos Comunistas. O PCB, fundado em 4 de abril de 1922. No Diário Oficial da União aparecia com seu nome completo: Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC) Já o PCdoB surge de uma dissidência do PCB em 1962.

Fonte. Documentos do PT. “As tendências internas do Partido dos Trabalhadores: pluralidade e democracia”. Sarkis  Alves (org.) https://fpabramo.org.br/csbh/wp-content/uploads/sites/3/2019/07/Perseu_16.pdf

Observação: Exemplo de simpatia e apoio às ditaduras podemos ver em vídeo em que Lula mostra sua admiração por Cuba. Naturalmente o STF não irá processá-lo por Fake News…

https://www.facebook.com/watch/?v=441572161328618

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