A EXECUÇÃO DE MARCO ARCHER E AS CONTRADIÇÕES DO PT

 

Valter de Oliveira

 

 

O traficante carioca Marco Archer foi condenado à morte na Indonésia e foi executado no último dia 17 às 15:31.

Muitos intercederam por ele e pediram clemência aos governantes de Jacarta. Desde 2003 Lula, Dilma, a Anistia Internacional e, recentemente, até mesmo o Papa Francisco fizeram grandes esforços para que a pena não fosse aplicada. Nada conseguiram.

Que nossos presidentes tenham intercedido por eles é natural. Chefes de Estado assistem seus cidadãos quando são acusados de crimes em outros países.

Já o Papa Francisco agiu como chefe de Estado e como representante de Cristo, levando em conta a solicitude que os pastores da Igreja devem ter em relação aos pecadores bem como a correta aplicação da virtude da justiça.

Executada a sentença qual foi a reação de nossa presidente?

Reagiu à execução emitindo nota de pesar sobre o fuzilamento. Declarou-se “consternada e indignada”. Disse também que respeitava “a soberania e o sistema jurídico indonésio”, mas acrescentou que lamentava (…) “profundamente que esse derradeiro pedido, que se seguiu a tantos outros feitos nos últimos anos, não tenha encontrado acolhida por parte do Chefe de Estado da Indonésia, tanto no contato telefônico como na carta enviada posteriormente” (…). Ainda acrescentou: “o recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países”. A nota termina dirigindo “uma palavra de pesar e conforto à família enlutada”.

 

As contradições dos governos petistas

 

É curioso como a sensibilidade da presidente Dilma – e a de Lula, seu antecessor –  é seletiva.

Em 2012 ela visitou Cuba, logo após a morte de um dissidente político que fizera greve de fome em sinal de protesto contra o governo cubano. Wilmar Vilar Mendoza falecera depois de 50 dias de greve de fome.

Ativistas cubanos e entidades internacionais de Direitos Humanos esperavam que nosso governo atuasse em favor de Wilmar. Nada foi feito. Nem intercessão, nem nota de protesto (1).

Em 2010 Lula nada fez por outro dissidente, pobre pedreiro que criticara Castro e também morrera após greve de fome. Na ocasião nosso governo emitiu a seguinte nota:

Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser usada como pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade.” (2) 

Simplesmente patético. 

Na mesma linha tivemos um episódio em 2003. Foi ainda pior. Nosso embaixador em Cuba descaradamente defendeu os fuzilamentos feitos pelo governo Castro! (3)

No caso do traficante, como vimos, a presidente Dilma atacou duramente a pena de morte e lembrou que a execução de Archer iria afetar “gravemente” as relações do Brasil com a Indonésia. Aqui temos outra brutal contradição.

Com efeito sabemos do forte apoio dos governos petistas à China, Coréia do Norte, e Vietnã, todos países que adotam a pena de morte. Contra eles jamais Lula e Dilma proferiram palavras de “consternação e indignação por penas praticadas a prisioneiros condenados por crimes comuns e políticos. Com eles a lua de mel continua.

Para vergonha nossa.

Fontes:

  1. http://www.portugues.rfi.fr/americas/20120120-dilma-visita-cuba-em-mes-que-dissidente-morre-de-fome. (blog cubano Baracutey).
  2. http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2010/03/10/e-se-os-presos-no-brasil-fizessem-greve-de-fome/    
  3. http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI119930-EI1194,00-Embaixador+brasileiro+defende+fuzilamentos+em+Cuba.html

 

 

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