COMO RECUPERAR O ENTUSIASMO PELA VOCAÇÃO DOCENTE?

Introdução

Somos uma família com muitos professores. Valter, eu, Maria Theresa, Paulo, Ricardo e talvez… Rafael. Sempre acreditamos que o professor é peça fundamental na escola e na vida de seus alunos. Nós também tivemos professores que foram essenciais em nossas vidas. Professores que nos fizeram brilhar os olhos, refletir, pensar, descobrir, querer e fazer acontecer. Baseado nesses professores e em nosso pensamento do que é ser um bom professor e o quanto ele pode representar na vida do aluno, sempre fomos dedicados e entregues de corpo e alma a essa vocação maravilhosa. Acreditamos na educação personalizada, bem orientada e muito presente. Domínio de conteúdo e cobrança de estudo. Olhar atento às pequenas mudanças que possam ocorrer no aluno e estratégias para ajudá-lo, individualmente, quando se faz necessário. Nós amamos nossa profissão e quando nos cai nas mãos um texto tão verdadeiro quanto este do padre Ignacio Hubner, não há como não nos identificarmos. Ilustramos o texto abaixo com algumas fotos de nosso filho Ricardo. Ele é professor de Ed. Física e, atualmente, diretor do Clube Everton do Chile, país onde leciona o padre Ignacio.

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Ignacio Izquierdo Hubner

Em muitos países, encontrar bons professores para as escolas é um desafio. Como podemos incentivar nossos melhores alunos a se aventurarem na carreira docente? Como podemos despertar neles o desejo de educar com paixão a próxima geração de chilenos?

Prof. Ricardo e seus alunos

Aqueles que aspiram a ensinar, pelo menos inicialmente, sentem a pulsação da generosidade, o amor pelo conhecimento e o desejo de compartilhá-lo, a audácia de participar do desenvolvimento dos jovens talentos da nação. Aqueles que vislumbram esse caminho vocacional imaginam os frutos que seu trabalho poderia render, como o crescimento dos alunos, a semeadura da esperança em suas famílias, a promoção de um país melhor. Tudo isso, no entanto, tem sido obscurecido por uma névoa de dúvida.

Nessa névoa, ouvimos, como que sussurrando, frases que formam uma estrutura de correção política, mas que minam a vontade de ensinar. Essas afirmações geralmente não vêm de professores que entendem a dinâmica da sala de aula, mas de “especialistas” que comentam de fora e influenciam a legislação. Por exemplo: “É melhor que os alunos aprendam sozinhos; não imponham seus conhecimentos.” Ou “Cuidado para não interferir demais na vida dos jovens: isso pode soar invasivo e autoritário.” Em suma, é uma censura que contamina a legítima aspiração de entusiasmo que qualquer educador tem, pois de que adianta se esforçar para entrar em uma sala de aula onde ninguém precisa de você? Em outras palavras, como você pode ter o desejo de ser professor se não lhe é permitido exercer a profissão?

Daniel Mansuy explica que a origem dessas ideias equivocadas está no pensamento de Rousseau. Ele explica isso em seu livro Educar entre iguais (IES, 2023): “A educação era entendida como uma instituição que busca transmitir um legado; e o professor, como o guardião de algo que merecia ser transmitido. Na estrutura de Rousseau, o papel do professor sofre mais de uma modificação. O professor deixa de ser alguém que entrega algo relevante, deixa de ser alguém que encarna um mundo que o aluno recebe e se apropria, e se torna um facilitador do autodesenvolvimento do aluno.

Orientação e ensino individual e personalizado

“Facilitar o autodesenvolvimento dos alunos” soa bem. E há alguma verdade nisso. Mas, no extremo, é um pouco como negligenciar a lição de casa. Assim, deixamos os alunos tão livres em sua “autoaprendizagem” que, na prática, os ignoramos. Eles nascem e crescem sozinhos, dispersos na fantasia de seus celulares, inocentes dos perigos da rua, ignorantes da história, frágeis diante de perigos para os quais não foram preparados. Eles avançam em seus currículos, mas pouquíssimos professores se detêm para convidá-los a sonhar, a criar, a projetar uma demonstração de virtudes e talentos.

Orientação e ensino coletivo

É hora de reagir. Os jovens que sentem a vocação para o ensino não querem se tornar burocratas de “rotinas pensantes”, mas sim vislumbrar uma vocação genuína como professores. Ou seja, como alguém que mostra horizontes, reconhece e fomenta talentos, corrige desvios e guia no caminho da excelência. Como disse o crítico literário George Steiner, com uma visão que agora nos serve como resumo final: “Um Mestre invade, arromba, pode destruir para limpar e reconstruir. Um ensino deficiente, uma rotina pedagógica, um estilo de instrução que, consciente ou inconscientemente, é cínico em seus objetivos meramente utilitários, são destrutivos. Eles arrancam a esperança. Um ensino ruim é, quase literalmente, assassino e, metaforicamente, um pecado. Diminui o aluno, reduz o assunto apresentado a uma banalidade insípida. Instila na sensibilidade da criança ou do adulto o mais corrosivo dos ácidos: o tédio, o gás metano do tédio” (Lições dos Mestres, Siruela: 2020).

A vocação docente é fascinante. Vamos ver como a recuperamos.

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 Juan Ignacio Izquierdo Hubner é advogado pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma) e Doutor em Teologia pela Universidade de Navarra (Espanha).

Fonte: https://www.omnesmag.com/firmas/como-recuperar-el-entusiasmo-por-la-vocacion-del-profesor/

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